O que fazer (e não fazer) quando as crianças estão ansiosas

Como respeitar os sentimentos sem fortalecer os medos

Mesmo os pais mais bem-intencionados, não querendo que uma criança sofra, podem realmente piorar a ansiedade da criança. Isso acontece quando os pais tentam proteger as crianças de seus medos.

Imagem livre: Pexels

O Psicólogo da infância e adolescência, especializado no tratamento de transtornos de ansiedade e humor, no Child Mind Institute (New York), Clark Goldstein, PhD, apresenta 10 (dez) dicas para ajudar as crianças a escapar do ciclo de ansiedade. São elas:

1. O objetivo não é eliminar a ansiedade, mas ajudar a criança a controlá-la

Nenhum de nós quer ver uma criança infeliz, mas a melhor maneira de ajudar as crianças a superar a ansiedade não é tentar remover os estressores que a desencadeiam, mas sim, ajudá-las a aprender a tolerar sua ansiedade e agir da melhor maneira possível, mesmo quando estão ansiosas. E como consequência disso, a ansiedade diminuirá com o tempo.

2. Não evite as coisas só porque elas deixam a criança ansiosa

Ajudar as crianças a evitar as coisas de que têm medo fará com que se sintam melhor em curto prazo, mas reforça a ansiedade em longo prazo. Digamos que uma criança em uma situação desconfortável fique chateada e comece a chorar – não para ser manipuladora, mas apenas porque é assim que ela se sente. Se seus pais a tiram de lá ou removem a coisa de que tem medo, a criança aprende esse mecanismo de enfrentamento. E esse ciclo tem o potencial de se repetir.

3. Expresse expectativas positivas — mas realistas

Você não pode prometer a uma criança que seus medos são irreais – que ela não vai falhar em um teste, ou que outra criança não vai rir dela durante a apresentação de um trabalho. Mas você pode expressar confiança de que ela vai ficar bem, que será capaz de lidar com isso. E você pode deixá-la saber que, à medida que enfrenta esses medos, o nível de ansiedade diminuirá com o tempo. Isso dá a ela a confiança de que suas expectativas são realistas e que você não vai pedir para que ela faça algo que ela não possa lidar.

4. Respeite seus sentimentos, mas não os fortaleça

É importante entender que a validação nem sempre significa concordância. Então, se a criança está com medo de ir ao médico porque precisa tomar uma injeção, você não quer menosprezar esse medo, mas também não quer amplificá-lo. Você quer ouvir e ser empático, ajudar a criança entender o que a preocupa e incentivá-la a sentir que pode enfrentar seus medos. A mensagem que você deseja enviar é: “Eu sei que você está com medo, e tudo bem, estou aqui e vou ajudá-la a superar isso”.

5. Não faça perguntas indutoras

Incentive seu filho a falar sobre seus sentimentos, mas tente não fazer perguntas instigantes – “Você está ansioso com a prova? Você está preocupado com a feira de ciências?” Para evitar alimentar o ciclo de ansiedade, apenas faça perguntas abertas: “Como você está se sentindo sobre a feira de ciências?”

6. Não reforce os medos da criança

O que você não quer fazer, é reforçar o medo da criança com seu tom de voz ou linguagem corporal. Digamos que sua criança tenha tido uma experiência negativa com um cachorro. Da próxima vez que estiverem perto de um cachorro, você poderá ficar ansioso sobre como a criança responderá e, sem querer, através de sua linguagem corporal, enviar a mensagem de que ela deveria, de fato, estar preocupada.

7. Incentive a criança a tolerar sua ansiedade

Deixe seu filho saber que você aprecia o trabalho necessário para tolerar a ansiedade para fazer o que ele quer ou precisa fazer. É realmente encorajá-lo a se envolver na vida e deixar a ansiedade tomar sua curva natural. Chamamos isso de “curva de hábito”. Isso significa que ela cairá com o tempo, à medida que seu filho continuar a ter contato com o estressor. Pode não cair a zero, pode não cair tão rápido quanto você gostaria, mas é assim que superamos nossos medos.

8. Tente manter o período de antecipação curto

Quando temos medo de algo, o momento mais difícil é o período da espera. Portanto, outra regra prática para os pais é tentar eliminar ou reduzir o período de antecipação. Se uma criança está nervosa por ir a uma consulta médica, não queira iniciar uma discussão sobre isso duas horas antes de ir; isso provavelmente deixará seu filho mais excitado. Portanto, tente reduzir esse período ao mínimo.

9. Planeje bem com a criança

Às vezes ajuda falar sobre o que aconteceria se o medo de uma criança se tornasse realidade – como eles lidariam com isso? Uma criança que está ansiosa por se separar de seus pais pode se preocupar com o que aconteceria se um dos pais não viesse buscá-los. Então falamos sobre isso. Se sua mãe não vier no final do treino de futebol, o que você faria? “Bem, eu diria ao treinador que minha mãe não está aqui.” E o que você acha que o treinador faria? “Bem, ele ligaria para minha mãe. Ou ele esperaria comigo”. Uma criança que tem medo de que um estranho venha buscá-la pode ter uma palavra de código combinada com seus pais, que qualquer pessoa que fosse busca-la saberia. Para algumas crianças, ter um plano pode reduzir a incerteza de maneira saudável e eficaz.

10. Tente modelar formas saudáveis de lidar com a ansiedade

Existem várias maneiras de ajudar as crianças a lidar com a ansiedade, deixando-as ver como você lida com a sua ansiedade. Não estou dizendo para fingir que você não tem estresse e ansiedade, mas deixe as crianças ouvirem ou verem você lidando com isso com calma.

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